sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Hoje eu acordei com vontade de ser mais eu

Não esperava, aconteceu.

Não queria, me perdi no que quis.

Agora já não sei mais o que sentir.

Não sei se posso confiar em ti.

Sei o que sei pois tudo foi encontrado

Disposto à mesa.

Acredito que posso ter optado erroneamente, 

Mas há tanto tempo sem saber esses caminhos e agora já não sei o que fazer.

Sinto que invado uma realidade aonde não sou bem vindo.

Perdido, ainda acho que posso encontrar uma forma de aliviar esse modelos arraigados em mim, em ti, em todos nós. 

Quero decolonização, meu amor.

Saber que Ele é muito maior do que as modalidades reduzidas de um amor assim decadente.

E isso faz-me avançar.

Não tenho mais tempo para a covardia do conforto em que me colocava.

Já não aceito mais mentiras para sanar as incapacidade de sair de si.

Assisto de longe, pois não quero mais ser espectador de ti.

Torço por conquistas, mas que não mais me envolvam 

Vá ser feliz, bem longe de mim.

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Num fôlego

Vejo passar a minha frente um pequeno objeto preto.
São meus olhos a ver o que se passa e a dança das sombras se apresenta a minha frente. Tão necessário.
Ver o que não é e fazer isso escrita.
Um passo no abismo dos encontros despreparados
O acaso.
Tão delicioso como o deixar vir das marés nas pernas na primavera. E tudo corre rápido na confusão de ser tolo.
Vamos respirar que tudo corre muito rápido.
A vida corre e veloz ao olhar de fora da ilha.
A margem fica distante e e envolta ao redor de meus pensamentos.
Tudo me escapa e está presente.

  1. Respiro.

E vem a imagem daquele corpo

O ácido sabor me sobe ao peito.
Não é algo de que me alimentei.
É um gosto que vem de dentro
E não pede passagem para sair.
Vem do fundo e que o todo que estou.
Não é mais pequeno o desejo e
Ele que tornam e e sair pelos poros
Não me fala de onde vem.
O corpo fechado, mas aberto
aos sentires que vêm de algo
maior que ainda não  consigo
tratar.
E vem e faz juntar-se aos alcalinos
queimados. Aos cheiros convidados
a fazerem parte das imagens que
tomam-me a mente.
E sinto vir com o calor que sai
do meio de meu corpo.
Quero!

Não quero esse peso

Desastrado e desatento piso em um ovo de pássaro que estava sobre o solo.
Não vi e pisei, com o peso da culpa matei um ser a vir ao mundo. Antes do.momento e antes da hora acabei com o último suspiro de sua vinda
Matei um pássaro.
Sou culpado, assassino e me entrego a este momento de pura dor.
Não acredito que não fui capaz de vizualizar aquele ovo ali parado.
Sim, matei a possibilidade de vida por vir.
Não tenho certeza ainda, apesar de saber que o ovo partiu-se pelo peso de meu passo.
Não sei o que pensar e meu estômago dói.
Será que o fato dele não estar mais no ninho já houvesse selado seu destino tão efêmero.
Já não sei como reagir e confesso que tudo está confuso neste momento e nem mesmo o baseado enrolado importa mais.
Sofro com esse atravessamento, sinto que sou responsável por essa situação.
Que sou aquele que impediu o prosseguimento de uma vida.
Não sei sequer se o ovo era de pássaro, mas a sensação e o barulho acusaram o meu ato violento e, ao voltar para ver, não fui capaz de olhar diretamente.
Vi o pequenino corpo ali em meio aos pedaços de sua couraça primeira. De sua proteção contra os maus avisados e o maliciosos animais que atentam conta a sua existência, mas uma conjunção de acasos fizeram-me o seu algoz.
Que triste!
Não quero andar mais desatento nesses aparelhos de celelulares.
Sinto-me muito chateado.
E esse é o começo de um mês antes do fim.
A vida que se foi está a se renovar em mim.
Não quero esse peso, não quero sentir a morte de outro que não seja aquilo que sinto. Enterro esse sentimento com uma vontade louca de tirar isso de dentro. Que isso não esteja onde está e que isso não vá para nenhum lugar que não seja o seu lugar.
Desejo uma boa passagem para aquilo que viria a ser. Sejamos outra coisa juntos a partir de agora.
Vá bem, mesmo que já tivesse partido, que não sejas jamais menos do que poderia ser.
Que o sopro do vento de agora seja a resposta de uma boa partida.
Te espero em uma condição que nos ponha enquanto iguais para poder desculpar-me.
Não é para ser nada, mas para ser tudo.
Vais e vou.
Nascemos e morremos agora, e agora, e agora, e agora, e agora.

sábado, 14 de setembro de 2019

723

Vi seu corpo no reflexo do espelho que tenho no armário.
Estás estendido, deitado sobre a cama de bruço.
Seus cabelos tampam o seu rosto ainda desconhecido.
Estás todo, inteiro, a espera de mim. Estás todo e quer-me teso, de corpo todo em ti.
Não sabes nada e nem eu de ti, queres apenas curtir.
O suor de seu corpo mistura-se ao meu e somos um só, a respirar no mesmo momento, a fazer um mesmo movimento.
Enterras as tuas unhas em minhas costas e gemendo pede-me mais.
Olha-me nos olhos e confundes o meu nome.
Não importa. Assim posso ser vários, jamais o único que te tome.
Bebo de sua saliva e vou sentindo o sabor de seus beijos. 
Em nossos sabores vamos nos fartando até que esmorece, treme e deita-se sobre o meu peito.
Agora mais odores fazem-se fragrantes em nossos desejos.
Não sei do amanhã, o agora é o todo que temos.
Sou isso e não vou ser depois.
Estou aqui.
Não penso em ir embora.

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Assim, de improviso

Sou amante de um sorriso
e que passou-me assim pela tarde.
Choque de temperatura,
que só você emoldura.
Foi amor à primeira esquina,
rua da Bahia com Augusto de Lima.

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

o fado

Foi pela música que me atrai,
Já conhecia pela rede de streaming, de vídeos,
ainda por léguas marítimas.
Eu curioso pela sonoridade distante e próxima
criou a fagulha do encontro e o fio de condução,
mas, novamente a rede e o tesão produziram
outras possibilidades.
Gripado, constipado pela física sensação de apartamento,
não a casa, aquele que nos faz sentir imigrantes
distantes de tudo aquilo que nos oferece pertença.
O banzo, e em respeito ao sangue que me faz brasileiro,
fazem com que possa ver o que se apresenta.
Sou estranho, estrangeiro, distante e para sempre
fora de um lugar que faz-me enraizar.
O transviado, o desvio, o inusitado é
comum no compasso de meus passos.
Fui shakesperiano e no primeiro olho foi
a cantar do convite inesperado, o cantor anunciado
e dois homens e o sabor na cama a se conhecer.