Descobriu o nome por acaso.
Ouviu um sussurro de algum lugar.
Estava no ônibus que pegava diariamente
e nele passava grande parte do dia.
Sempre que entrava no lotação via aquele
rapaz, sempre como o mesmo ar de insinuação
para qualquer um que passasse ao seu lado.
Alto, moreno e muito bem apessoado.
Assim era o homem por quem havia se interessado.
Nunca pensou em ter qualquer tipo de
relacionamento homossexual, porém, esse cara
mexia com alguma coisa muito profunda dentro
dele.
Algo que não havia sentido por ninguém.
Ao vê-lo suas pernas constantemente vacilavam,
de forma que, qualquer coisa poderia causar sua
queda, mesmo uma curva do transporte.
O coração bate de forma acelerada e a sensação
de torpor toma lhe de assalto.
Metódico, o alvo, ou melhor, o objeto de desejo
deste nosso personagem que por si só já era um
homem que precisava de atenção e Pablo, nome
do michê, que sempre estava a encarar os passageiros
do ônibus sempre no mesmo local do transporte,
ou melhor, sempre estava na porta do meio,
perto da roleta.
Ali, ele tinha uma visão privilegiada e por várias
vezes cruzaram os olhares buscando saciar àquilo
que neles faltavam.
O vazio eterno que preenche a vida dos indivíduos
e o pensamento em seu umbigo.
Seu próprio mundo, ao ego, antigo como a civilização
humana. Desde o seu surgimento e a preocupação
consigo próprio.
E parte da formação da mente do homem.
Portanto, a procura de um outro indivíduo está
relacionada a reação e carências do próprio indivíduo.
Em Pablo estavam todas as carências, de nosso perso-
nagem carente e, cada detalhe daquele corpo talhado
em mármore, de perfeições gregas, atraía o jovem
homem. Este que sonhava todas as noites com seu
companheiro de viagem não agüentava mais a
distância e a troca de olhares, ou melhor, apenas
ter os olhares daquele "Deus".
Um dia resolveu aproveitar do trânsito e deixou
ser levado para cima do corpo do rapaz, que ficou
observando todo o estratagema e achando graça da
situação, compreendeu de pronto que aquela atitude
era na verdade uma forma de o homem se aproximar
dele.
- Desculpa! Disse nosso personagem.
-Que isso! Em tom irônico e risonho. Respondeu Pablo.
-Não esperava que o ônibus fizesse uma curva tão acentuada.
-Eh! Mesmo?! Disse Pablo sorrindo.
E aquele sorriso entorpercia nosso jovem que começou
a ter certeza de suas dúvidas, naquele instante.
O coração batia acelerado.
Pablo disse:
-Tenho reparado em você dentro do ônibus
e vejo que desce sempre no mesmo local. Você é vendedor?
Nosso personagem respondeu:
-Não sou empresário, só não gosto de usar roupas muito
sérias.
-Mas você? Empresário? Nunca imaginaria. Você não parece
empresário! Disse Pablo duvidando.
-É que não gosto de dirigir durante a semana.
Ainda mais porque acidade fica muito cheia.
E eu ultimamente tenho tido motivos para pegar
ônibus, sabe? Em tom irônico.
-Sei! Disse Pablo.
Vestindo camiseta branca quase transparente deixando
seus músculos, extremamente, destacados e rijos, a calça
clara e justa deixava nítidos e definidos os músculos das
pernas, exatamente como uma estatueta grega.
Como o corpo de Davi. O que dava uma sensação de segu-
rança.
Chegaram ao ponto de Pablo, ele abriu um enorme sorriso e
pegou a mão de nosso indeciso personagem e, a partir daí,
ele nem pensou em nada seguiu o jovem esculpido em beleza
e foi até sua casa.
Lá resolveu o que queria de sua vida!
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