sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Oneuricas

Seguir a planície correndo, vento que sopra trazendo boas novas.

O fio de esperança das teias daquela copa de árvore, repleta de cristais, parecem o cintilar das estrelas em plena luz do dia. São cristais, brilhantes que penduricalham naquela árvore tão majestosa, parecem brincos colocados nos galhos que a tênue luminosidade matutina matiza tudo ao redor com uma coloração dourada, uma cor que ultrapassa qualquer possibilidade de confusão, amarelo, ouro velho, alaranjado...
Tudo é explosão de cores e odores.

O verde da relva é destacado por sua profundez que toma todo o local, um tapete, com aplicações de flores que modificam aquele paradigma de matizes, profusão de estratos! Róseos, âmbar, violeta, anil, rubras chamas atiradas no gramado, esforçam-se por ficar acima de tudo, mas envelhecidas seguem seu caminho, atiram-se do alto e repousam ao solo, suicidas.

A brisa que vem do oriente leva consigo esquecidos aromas é impreguinado dos odores antigos, quase imemoriáveis são suas palavras sussurradas aos ouvidos atentos de quem as ouve, são dizeres dos mais primitivos, avisos, conexões com o desconhecido, pessoas, civilizações e raças, por muito tempo deixadas de lado e que buscam dar voz às suas existências e que querem estar sempre entre nós. Elas falam pelo tremor de terra, pelo vento, vulcões, tsunamis. Elas gritam pelos trovões e neles estão dizeres de um saber primordial, o saber da Terra, do universo, do espaço que vivemos e dos campos siderais que temos em cada uma de nossas células, que estão em constante transformação e renovação, reinvenção de tudo o que se pensa e se é possível de se sentir.

A pele ouriça-se e torna-se ativa, ávida, reação do menor movimento energético que a circunda. O corpo tesa-se e fica em estado de guarda e tudo é transposto, é transmutado, transfigurado.

O céu azul hipnotiza e torna o ambiente um local quase onírico, me questiono sobre a realidade deste lugar, a minha estada ali, a virtualidade que o teto que esta atmosfera me proporciona, uma sensação de sonho, de algo quase divino.

Êxtase.

Há toda uma manifestação viva no lugar, os animais seguem seu curso, realizam suas atividades diárias, seguem seus procederes e uma sensação suspensa é o que me atormenta e me deixa em completa alienação em relação ao todo, que me força a acreditar nestas imagens formadas a cada instante ao menor piscar de meus olhos.

Ainda estou acordado?

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