terça-feira, 23 de junho de 2015

Per forma Pa lavra - Pa lavraPer forma

Lera na inscrição de um amor a respeito da literatura que esta "não possui performance", então, entro em questão com o todo. Como não se performativa palavra, se ela é a munícipe de si, a reinventora de si. Palavra é, pois, invenção. Assim sendo, é aquela que provoca rupturas. Quantas vezes o poema não tomou-me nos braços e pôs-me a chorar?
Se as palavras, a partir de uma observação literária, não tocassem e destituíssem suas relações de significância, no instante do encontro entre escritor e leitor, para quê, então, a insistência no ofício do poeta?
Olha, recuso-me aceitar vossas palavras, caro amigo, apesar de sabê-las serem de outro, não arriscaria-me usá-las nunca, pois parece-me um impropério sem tamanho. Como não dá a devida luz à palavra que, revolucionariamente, ao entrar em contato com o mundo provoca revoluções a este pelo simples fato de sua existência.
Assim faz-se o mundo.
A palavra perFORMA, pois é substância viva da vida,
palavra que imprime-se na realidade e altera a mesma,
palavra não são inocentes, vêm ao mundo indecentes,
obscenas, palavras nos fazem putas, bruxas e sicerones,
a palavra é que dá asas e a prisão ao homem.

Se palavra não vive, mesmo sem afinidades às significâncias,
é porque morto está quem as profere.



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